Bartholomew Pompous Eingenuous Von Hen Fennington III estava no Brasil há anos e ainda não tinha se acostumado com coisas básicas.
Grande amante de cinema, preferia ir à salas com lugares marcados. Precavido, gostava de ver logo se a posição para ver o filme era boa ou ruim. Naquele dia tinha escolhido um lugar na frente, bem no meio da sala. Um bom lugar. Mas o pobre galês deve ter esquecido que estava no Brasil. Obviamente que ter comprado um lugar marcado e assinalado no bilhete não queria dizer que o distinto senhor iria se sentar no tal lugar.
Quando entrou na sala e caminhou entre as fileiras de poltronas, segurando o chapéu numa mão e o guarda-chuva na outra, deparou-se com um casal e seus dois filhos sentados, refestelados, bem no seu lugar. Bartholomew conferiu novamente o ingresso. Lugar número oito da fila F. A sala estava vazia e havia outros lugares tão bons quanto o dele, mas, achando que talvez o casal tivesse se enganado, disse, muito educadamente, que aquele lugar era o dele.
— A sala está vazia, amigo – foi a resposta.
Realmente, não havia necessidade de protestar por tão pouco. Bartolomeu, que já havia sido chamado de exagerado algumas vezes, estava tentando se adaptar e se integrar à cultura brasileira. Era difícil entender que as regras pequenas não precisavam, e mais importante de tudo, NÃO DEVIAM, ser seguidas. Muitas vezes, essa máxima era uma questão de vida ou morte.
Por sempre esquecer-se disso, no dia seguinte, a catástrofe aconteceu.
Ao atravessar a rua na faixa de pedestres, achando que o motorista ia parar, não deu outra, foi atropelado por um carro popular preto, já meio amassado. Acudido, ouviu do motorista, “mas avancei só uns poucos metros acima da faixa! Será que esse mané é cego?”.
Mesmo entrevado na cama do hospital, todo quebrado, Bartolomew adorava o povo brasileiro, tão excepcionalmente adaptável e flexível. Decidiu que desse dia em diante não ia mais cometer exageros quando o assunto eram regras pequenas. Mal pensou isso e a enfermeira entrou no quarto meio aflita dizendo que as radiografias tinham sido trocadas por engano. Batholomew precisava ser operado com urgência. E lá foi ele, empurrado na maca, rumo à sala de cirurgia número oito, ou seria dezoito?
hehe!
Direto e Divertido, Gaspar!
[]s!