– Apague esse fogo!
Uga Junga não sabia falar, mas dizia isso socando a cabeça daqueles que se metiam com a praga luminosa e quente. Além de socos, seu discurso continha berros, urros e gritos. Afinal, ele era o chefe do bando e tratava de fazer seus homens trabalharem duro e não se envolverem em brincadeiras inúteis e perigosas, como essa novidade de agora, o fogo.
As tarefas do bando eram complexas e estavam sob sua supervisão. Afiar pedras para usarem como pontas de lança nas caçadas de mamute, produzir e preparar cordas feitas de folha, cavar buracos para coletar água da chuva, e… Mas que diabos? De novo? Uga Bu estava, DE NOVO, brincando com fogo?
Uga Junga ferveu de raiva. Desceu ligeiro da pedra alta onde ficava empoleirado na entrada da caverna e foi escorregando pela lateral até bater no chão com um baque, em pé. Imediatamente começou a esbravejar pelo meio do bando. Todos pararam, assustados.
Ele queria dar um chute nos gravetos de Uga Bu, que queimavam com aquela luz amarela hipnotizante, mas não se atrevia a tocar naquela coisa. Da última vez que fizera isso teve dores horríveis durante muitas luas.
Uga Bu não se levantou enquanto o chefe esgoelava-se em sua orelha. Agachado estava, agachado ficou, respeitoso. No máximo fazia sons pacíficos e balançava a cabeça de modo submisso a fim de explicar que aquela coisa luminosa poderia ser útil ao bando.
Uga Junga não era bobo. Quem aquele Uga-Ninguém pensava que era para afrontar suas ordens? Tanto fez que o fogo acabou apagando. Sabia que não era fácil criar aquela coisa e esperava que Uga Bu, que permanecia encolhido, tivesse aprendido a lição com os gritos e socos.
Benevolente, não espantaria Uga Bu do bando, pelo menos não ainda. Era bom ter com quem gritar. Mas, enquanto voltava poderoso para sua pedra no alto da entrada da caverna, pensou, sem querer, em uma utilidade prática para o fogo.
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Um grande abraço e tudo de bom
Oi Rodrigo. Muito obrigado.
Grande abraço.
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