Quando Durval cruzou o portão de entrada da casa um calafrio percorreu sua espinha.
Simplesmente não sabia o que faria se Dolores ainda não tivesse voltado para casa. Ele não podia viver sem a mulher que há quase cinquenta anos era sua companheira inseparável. A única que estivera firme a seu lado por uma vida inteira, nos momentos bons e nos ruins. Durval não conseguia se imaginar sem Dolores. Ela era parte integrante de sua vida.
Olhou para trás. A camionete de Botelho estava estacionada na rua. O professor dissera que ia esperar Durval verificar se Dolores havia voltado. E se não tivesse voltado? Que fariam? Polícia? Hospital?
A luz da sala estava acesa, mas isso não significava nada. Joana a empregada sempre a deixava acesa quando saia para o caso de um deles precisar descer as escadas até a cozinha e não tropeçar no escuro.
Durval atravessou o jardim da frente da casa. Uma pérgola repleta de trepadeiras floridas formava um caminho que ia do portão da rua até a entrada da varanda. Lembrou-se quando Dolores e ele escolheram as plantas que comporiam a passagem. A dúvida era entre o Jasmim-estrela e a Madressilva. Duas flores branquinhas, que ficariam lindas na entrada da casa e combinariam com as bromélias, babosas e roseiras da varanda. A palavra final foi de Dolores: Jasmim-estrelas. O formato e o doce perfume sem igual havia sido decisivo. Segundo Dolores era o que faria você se sentir mais perto do céu. As folhas verdes escuras e brilhantes, contrastavam com o branco das flores. Naquela hora, devia ser mais de meia noite, as flores pareciam acender, iluminando o caminho até a casa. Durval segurou a respiração conforme aproximava-se da varanda da casa. Deu um último passo e parou.
E então ele ouviu. Sim, ele a ouviu! Era ela!
A porta da sala se abriu e ele viu Dolores. Um sorriso lindo se abriu no rosto dela e ela veio em sua direção.
Os olhos de Durval se encheram de lágrimas quando ela o abraçou. Ele riu e chorou ao mesmo tempo. Apertou-a nos braços com os olhos fechados e prometeu para si mesmo que não a perderia de novo. O ar reprimido nos pulmões saiu lentamente e levou para longe a angústia que guardava no peito. Ela estava bem. Ela estava bem.
— Dodô, meu amor — ele disse e desfez o abraço para olhar em seus olhos.
— Durval, meu bem — ela sussurrou.
— Que houve, Dodô? Onde você estava?
— Descobri uma coisa sobre o… — ela parou de falar e olhou para o portão da rua.
A camionete de Botelho continuava parada na frente da casa, metida nas sombras. Durval não conseguiu distinguir direito, mas Botelho devia estar olhando para eles. Acenou para o amigo querendo dizer que tudo estava bem e que ele podia ir embora.
Ouviu o som grave do motor sendo ligado e a camionete saiu.
Voltou-se para Dolores e ela estava assustada. Olhos arregalados.
— Que foi, Dodô?
— Você estava com o Botelho?
— Sim.
— Ele é o assassino, Durval!
Simplesmente não sabia o que faria se Dolores ainda não tivesse voltado para casa. Ele não podia viver sem a mulher que há quase cinquenta anos era sua companheira inseparável. A única que estivera firme a seu lado por uma vida inteira, nos momentos bons e nos ruins. Durval não conseguia se imaginar sem Dolores. Ela era parte integrante de sua vida.
Olhou para trás. A camionete de Botelho estava estacionada na rua. O professor dissera que ia esperar Durval verificar se Dolores havia voltado. E se não tivesse voltado? Que fariam? Polícia? Hospital?
A luz da sala estava acesa, mas isso não significava nada. Joana a empregada sempre a deixava acesa quando saia para o caso de um deles precisar descer as escadas até a cozinha e não tropeçar no escuro.
Durval atravessou o jardim da frente da casa. Uma pérgola repleta de trepadeiras floridas formava um caminho que ia do portão da rua até a entrada da varanda. Lembrou-se quando Dolores e ele escolheram as plantas que comporiam a passagem. A dúvida era entre o Jasmim-estrela e a Madressilva. Duas flores branquinhas, que ficariam lindas na entrada da casa e combinariam com as bromélias, babosas e roseiras da varanda. A palavra final foi de Dolores: Jasmim-estrelas. O formato e o doce perfume sem igual havia sido decisivo. Segundo Dolores era o que faria você se sentir mais perto do céu. As folhas verdes escuras e brilhantes, contrastavam com o branco das flores. Naquela hora, devia ser mais de meia noite, as flores pareciam acender, iluminando o caminho até a casa. Durval segurou a respiração conforme aproximava-se da varanda da casa. Deu um último passo e parou.
E então ele ouviu. Sim, ele a ouviu! Era ela!
A porta da sala se abriu e ele viu Dolores. Um sorriso lindo se abriu no rosto dela e ela veio em sua direção.
Os olhos de Durval se encheram de lágrimas quando ela o abraçou. Ele riu e chorou ao mesmo tempo. Apertou-a nos braços com os olhos fechados e prometeu para si mesmo que não a perderia de novo. O ar reprimido nos pulmões saiu lentamente e levou para longe a angústia que guardava no peito. Ela estava bem. Ela estava bem.
— Dodô, meu amor — ele disse e desfez o abraço para olhar em seus olhos.
— Durval, meu bem — ela sussurrou.
— Que houve, Dodô? Onde você estava?
— Descobri uma coisa sobre o… — ela parou de falar e olhou para o portão da rua.
A camionete de Botelho continuava parada na frente da casa, metida nas sombras. Durval não conseguiu distinguir direito, mas Botelho devia estar olhando para eles. Acenou para o amigo querendo dizer que tudo estava bem e que ele podia ir embora.
Ouviu o som grave do motor sendo ligado e a camionete saiu.
Voltou-se para Dolores e ela estava assustada. Olhos arregalados.
— Que foi, Dodô?
— Você estava com o Botelho?
— Sim.
— Ele é o assassino, Durval!
CONTINUA…